Lançado em 1991 e baseado no romance de Fannie Flagg, Tomates Verdes Fritos continua relevante mais de três décadas depois. O filme aborda temas como empatia, envelhecimento, violência doméstica e protagonismo feminino, tornando-se uma referência na luta pelos direitos das mulheres. Neste mês de março, em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, a obra se torna um convite para reflexões sobre igualdade de gênero e desenvolvimento social.
Um retrato atemporal da sororidade
A trama gira em torno da Evelyn Couch (Kathy Bates), uma dona de casa insatisfeita, e Ninny Threadgoode (Jessica Tandy), uma idosa que compartilha histórias do passado. O núcleo principal dessas memórias envolve Idgie Threadgoode (Mary Stuart Masterson) e Ruth Jamison (Mary-Louise Parker), duas mulheres que desafiam normas sociais ao construírem uma amizade profunda e um negócio próprio.
A relação entre Idgie e Ruth reflete valores de sororidade e resiliência, inspirando debates sobre a força das redes de apoio femininas, um conceito essencial no combate à violência doméstica e na promoção do empoderamento.
Conexão com os desafios contemporâneos
Ao revisitarmos os Tomates Verdes Fritos, percebemos como suas mensagens permanecem urgentes. A obra evidencia a importância do protagonismo feminino, do cuidado com a saúde mental e da luta contra as desigualdades sociais. Além disso, temas como violência doméstica, espaços seguros para mulheres e idoso e o combate ao racismo continuam a ser pautas fundamentais na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Mulheres reais, Desafios reais
Para entender a persistência dessas questões, conversamos com especialistas e mulheres que viveram experiências semelhantes às das personagens. Segundo a psicóloga e pesquisadora em gênero Carla Bianca Angelucci (USP, 2021), “a busca por autenticidade em meio a expectativas sociais rígidas é um processo doloroso para muitas mulheres, que precisam desconstruir papéis impostos antes de se reconhecerem plenamente”. Já a assistente social Maria do Socorro Souza, referência no atendimento a vítimas de violência doméstica (Instituto Maria da Penha, 2020), reforça que “o medo, a dependência econômica e a normalização da agressão mantêm mulheres em ciclos abusivos por anos, mesmo quando há redes de apoio disponíveis”.
Além das análises especializadas, ouvimos relatos de empreendedoras que, assim como Idgie e Ruth, desafiaram barreiras para abrir seus negócios. Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (a maior rede de apoio ao empreendedorismo feminino da América Latina), reforça essa ideia: “Quando mulheres se unem para compartilhar conhecimento, recursos e oportunidades, elas não apenas transformam suas próprias vidas, mas criam um ciclo virtuoso que beneficia toda a comunidade” (2019). Essa sororidade prática é ecoada por histórias como a de donas de padarias comunitárias, que encontraram no apoio mútuo a força para superar desafios.
O poder transformador da cultura
Obras como Tomates Verdes Fritos não apenas retratam realidades, mas também inspiram mudanças. No Brasil, cineclubes e grupos feministas utilizam o filme como ferramenta de debate, reforçando a importância da cultura na sensibilização social
A história de Idgie e Ruth permanecem viva, ensinando que a amizade, a coragem e a luta por justiça atravessam gerações. Em um momento de tantas lutas femininas, revisitar Tomates Verdes Fritos é mais do que um ato nostálgico, é um chamado para reflexão e ação.