– Alô, Luana? Aqui é do seu banco. Temos uma condição imperdível para você cumprir sua dívida.
– Ei, já disse que esse telefone não é da Luana.
A frequência das ligações, como essa descrita, foi diária nos últimos cinco anos, em horários aleatórios. Do outro lado da linha, representantes de bancos tentavam propor acordos para dívidas, sem sucesso. Recentemente, as ligações cessaram, deixando incertezas sobre a situação de Luana e suas dívidas.
Essas ações de contato ajudaram os bancos a mitigar a inadimplência, juntamente com programas como o Desenrola Brasil, que renegociou R$ 53 bilhões em dívidas entre julho de 2023 e maio de 2024.
As instituições financeiras adotaram estratégias como trocar linhas de crédito caras por mais baratas, além de flexibilizar prazos de pagamento. Mesmo em casos de inadimplência, os bancos transferiram parte dos créditos atrasados para instituições especializadas.
A queda da inadimplência
No segundo trimestre deste ano, os bancos registraram uma queda na inadimplência em comparação com trimestres anteriores, ao mesmo tempo que a carteira de crédito cresceu. O Itaú, por exemplo, reduziu a necessidade de renegociar sua carteira de crédito de 3,6% para 3% em um ano.
O Nubank, por outro lado, viu um aumento na inadimplência em razão da expansão das linhas de crédito, enquanto outros bancos adotaram estratégias mais conservadoras.
Impacto do mercado de trabalho
O ambiente econômico favorável, com queda no desemprego e aumento nos rendimentos médios, contribuiu para a melhoria dos indicadores de crédito. Os bancos, cientes do cenário, adotaram uma postura cautelosa na concessão de crédito, priorizando linhas de menor risco.
A eficiência na gestão de crédito resultou em melhorias no retorno sobre o patrimônio líquido médio dos bancos, refletindo em menores provisões para devedores duvidosos.
A perspectiva de aumento da Selic representa um risco para o cenário de crédito, mas os bancos demonstram estar preparados para enfrentar esse desafio.