De secretário de gabinete a presidente dos EUA, Tom Kirkman precisa enfrentar uma crise nacional, conspiradores e suas próprias inseguranças.
Na noite mais importante da política americana, um ataque ao Capitólio elimina o presidente dos Estados Unidos e quase todo o alto escalão do governo. O único sobrevivente da linha sucessória é Thomas Kirkman, um tecnocrata pouco conhecido, que se vê repentinamente no comando de uma nação mergulhada no caos. Assim começa Designated Survivor, série criada por David Guggenheim e estrelada por Kiefer Sutherland, que mistura drama político, thriller e dilemas morais com forte apelo contemporâneo.
Governo sob ataque: política, ética e sobrevivência
Ao longo de suas três temporadas, a série exibida originalmente pela ABC e posteriormente resgatada pela Netflix, retrata não apenas o esforço de um homem comum para liderar, mas também as engrenagens da política americana em tempos de instabilidade. Conspirações internas, terrorismo doméstico, manipulação midiática e dilemas éticos formam o pano de fundo de uma narrativa centrada em legitimidade e resistência.
A primeira temporada foca na investigação do atentado e na formação emergencial do novo governo. A segunda amplia o foco para temas como política internacional, ameaças cibernéticas e as dificuldades de manter um gabinete coeso. Já a terceira, com a Netflix à frente da produção, coloca Kirkman em campanha para se reeleger, explorando temas como fake news, identidade política e conflitos éticos entre ideais e pragmatismo.
Retratos do poder contemporâneo
Com direção estilizada, cenários de alto impacto e ritmo dinâmico, Designated Survivor constrói um universo onde a tensão é constante. A série discute o papel das instituições em tempos de crise, a fragilidade das democracias e os efeitos do poder nas relações pessoais. A figura de Kirkman de um homem cético, honesto, inseguro se contrapõe ao arquétipo tradicional do presidente-herói, tornando-o um protagonista com quem é possível se identificar, mesmo diante de decisões extremas.
A produção ainda se destaca pela diversidade em seu elenco e por personagens femininas em posições-chave, como assessoras, agentes de segurança e líderes de inteligência, o que amplia seu diálogo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente os de igualdade de gênero e inclusão política.
Instituições em xeque: a relevância no cenário global
Designated Survivor se conecta diretamente ao ODS 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes), ao retratar como a confiança nas estruturas democráticas pode ser abalada e reconstruída em situações-limite. Também toca no ODS 10, ao discutir desigualdades de representação, e no ODS 5, ao destacar mulheres na liderança.
Embora cancelada após a terceira temporada, a série permanece atual por sua abordagem das tensões entre segurança e liberdade, idealismo e poder, transparência e manipulação, temas que ganham nova urgência diante de polarizações políticas e crises institucionais ao redor do mundo.