O Brasil possui pelo menos seis projetos em andamento para diminuir a dependência externa de fertilizantes, envolvendo iniciativas tanto públicas quanto privadas. O país é o maior importador mundial de adubos, sendo que quase 90% do seu consumo interno é suprido por produtos adquiridos do exterior.
Um levantamento do Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-Primas para Fertilizantes (Sinprifert) indica que o Brasil possui 25 complexos para a produção de adubos, incluindo nitrogenados, potássicos e fosfatados.
Projetos em desenvolvimento estão destacados com o símbolo: ** • Crédito: Reprodução / SinprifertApesar disso, essa estrutura não é suficiente para suprir as demandas do agronegócio brasileiro, o quarto maior do mundo. No ano de 2023, o Brasil importou 86% dos fertilizantes consumidos, totalizando 39,4 milhões de toneladas, em contraste com uma produção interna de 6,8 milhões (sendo uma pequena parte destinada à exportação).
Em uma entrevista à CNN, o diretor-executivo do Sinprifert, Bernardo Silva, ressaltou o projeto da Potássio do Brasil em Autazes, no Amazonas. Segundo ele, essa iniciativa tem potencial para abastecer entre 20% e 25% do consumo nacional de fertilizantes potássicos.
Os fertilizantes potássicos são os mais utilizados no Brasil (39%), seguidos dos fosfatados (32%) e dos nitrogenados (29%). A dependência externa chega a 97% no caso dos potássicos, com cerca de metade desse volume sendo importado da Rússia e da Bielorrússia.
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Pedidos de autorização para apostas online superam expectativas do mercado, diz associação No que diz respeito aos fosfatados, destaca-se o projeto da Galvani em Santa Quitéria, no Ceará, onde são encontrados fosfato e urânio associados. Existe um consórcio entre a empresa privada e as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), responsáveis pelo monopólio do urânio e da energia nuclear no país.
Em relação aos nitrogenados, a Petrobras lidera os esforços para aumentar a produção nacional. Desde o governo Lula, com a companhia sob a gestão de Jean Paul Prates, os investimentos em fertilizantes voltaram a ser priorizados.
A Petrobras atualmente foca na retomada da produção na unidade de Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul. A empresa também trabalha para resolver questões relacionadas a ativos no Nordeste, onde as fábricas de fertilizantes em Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE) estão arrendadas para a Unigel.
Confira a lista de projetos em desenvolvimento: Autazes (AM): Potássio do Brasil (potássicos) Santa Quitéria (CE): Fosfor/Galvani (fosfatados) Três Lagoas (MS): Petrobras (nitrogenados) Tiros (MG): Mineração Morro Verde (potássicos) Uberaba (MG): Atlas Agro (nitrogenados) Lavras do Sul (RS): Águia Fertilizantes (fosfatados) Tanto a indústria quanto o governo federal reconhecem que essa situação coloca o Brasil em uma posição vulnerável diante de choques externos. Um exemplo recente foi a guerra entre Rússia e Ucrânia, que impactou os preços globais e gerou insegurança no agronegócio brasileiro.
Em 2022, o governo federal, ainda sob Jair Bolsonaro (PL), lançou um plano nacional de fertilizantes, estimando que o país precisaria aumentar sua produção em cinco vezes até 2050 para reduzir a dependência externa pela metade. Abaixo estão listados os projetos em andamento e em desenvolvimento: