Uma tempestade de areia violenta, uma missão abortada e um astronauta dado como morto. Em Perdido em Marte (2015), dirigido por Ridley Scott, o planeta vermelho vira palco de uma das histórias mais instigantes de sobrevivência e engenhosidade já retratadas no cinema.
Mark Watney (Matt Damon) está sozinho em Marte. Sem comunicação com a Terra, com comida suficiente para apenas algumas semanas e a hostilidade de um planeta que não foi feito para a vida. Mas, em vez de se entregar ao desespero, ele decide “ciência-lo tudo”.
A ciência como aliada da sobrevivência
Ao longo do filme, o espectador acompanha soluções reais e plausíveis sendo aplicadas sob extrema pressão. Para gerar água, Watney manipula hidrazina e oxigênio, correndo riscos explosivos. Para cultivar batatas, transforma o habitat em uma estufa marciana improvisada — com solo local, nutrientes orgânicos pouco convencionais e engenharia térmica.
Esse domínio multidisciplinar — química, botânica, engenharia, física — transforma o conhecimento científico em protagonista da narrativa. Não há superpoderes aqui. Apenas lógica, resiliência e aplicação prática do que se aprende em salas de aula e laboratórios.
O improvável resgate de um homem só
Ao conseguir restabelecer a comunicação com a Terra, Watney aciona uma rede de ajuda que cruza fronteiras.Cientistas da NASA, engenheiros de Houston, astronautas da missão Ares III e até uma equipe chinesa se unem para encontrar uma solução que desafia prazos, orçamentos e protocolos.
É nesse esforço coletivo que o filme revela sua camada mais inspiradora: a cooperação internacional como única saída possível. Quando a sobrevivência de um só depende da inteligência e solidariedade de muitos, não há espaço para rivalidades geopolíticas. Apenas para engenhosidade e empatia.
Rir para não chorar — ou congelar
O tom leve do protagonista contrasta com a gravidade da situação. Watney grava vídeos irônicos, reclama do gosto musical do comandante Lewis, faz piadas com cálculos complexos e trata seus momentos mais solitários com uma humanidade cativante. É esse humor que impede o espectador — e o próprio personagem — de sucumbir à angústia de estar a milhões de quilômetros de casa.
Um futuro possível — e necessário
Mais do que uma ficção científica, Perdido em Marte é uma celebração da capacidade humana de enfrentar o impossível. Em tempos de desafios globais — sejam eles pandemias, crises climáticas ou desastres tecnológicos —, o filme relembra que a chave está na combinação de conhecimento, colaboração e vontade de não desistir.